11 anos da conquista da minha cadeira de rodas motorizada
A autonomia e a mobilidade são dois fatores de suma importância para as pessoas que possuem algum tipo de deficiência.
Para os cadeirantes, a falta disso pode comprometer boa parte da vida. Afinal, a dificuldade de locomoção, na maioria das vezes, inviabiliza acessos de necessidade básica..
No meu caso, Minha infância e adolescência foram normais, sempre frequentei escolas regulares com o advento de que sempre me destaquei entre os colegas de classe pela minha performance em sala de aula.
No entanto, minha autonomia e mobilidade demoraram a chegar, pois não tinha cadeira de rodas motorizada e precisava de ajuda para ir a qualquer lugar. Por isso, eu passeava com a fília e frequentava a escola, com a ajuda deles, somente.
E na primeira infância, houve um tempo em que eu não tinha sequer a cadeira de rodas manual e minha irmã, Juliana, me levava aos lugares nos braços.
Aqui no Vivendo A Diferença, eu já trouxe um artigo sobre o mercado de trabalho para as pessoas com deficiência. Hoje, vou contar como conquistei minha mobilidade através dessa oportunidade
A conquista da minha mobilidade por meio da cadeira de rodas motorizada
Até que em 2011, aos 19 anos, consegui o primeiro emprego por meio de uma vaga reservada para PcD’s em uma multinacional e lá aprendi a me comunicar melhor, perder a timidez e interagir com as pessoas. Tanto é, que alguns colegas me apelidaram de “relações públicas” do meu setor.
Afinal, eu estava sempre sorrindo, brincando e fazendo amizade com todos. Dessa forma, me tornei muito querida lá, todos gostavam muito de mim.Diante disso e da necessidade, ganhei minha primeira cadeira de rodas motorizada.
Essa cadeira foi um presente dos então colegas de trabalho, devido ao fato de eu precisar de um acompanhante (meu pai, familiares e os então colegas que faziam trajeto parecido) para ir e voltar do trabalho com uma cadeira de rodas manual.
O trajeto era feito com o total de seis ônibus por dia, sendo, três ida e três volta. Para realizar o trajeto de casa para o trabalho e vice-versa, eu gastava de duas a três horas. Tudo isso, sem falar no “aperto” que eu passava com cadeira de rodas em época de chuva.
Em virtude disso, a galera da empresa se uniu e cerca de 300 pessoas doaram parte do valor necessário para a compra da cadeira. A entrega do presente foi o momento mais emocionante que já vivi, sem exagero.
Era setembro, o mês do meu aniversário. A turma organizou a arrecadação das doações e a compra da cadeira nessa época, para simbolizar. Escolheram o dia 23, uma sexta-feira, fim de expediente.
O auditório de reuniões foi aberto para uma festa surpresa. A mesa, gigante, estava cheia de comida de festa. Boa parte da empresa se reuniu ali e quando eu entrei levei aquele susto com todos cantando o “parabéns”! Fiquei sem reação, tentando entender o que estava acontecendo.
Alguém me aproximou da mesa e eu vi que minha família também foi convidada. Meu pai Erli, minha mãe Inácia, minha irmã Juliana, e minha sobrinha Thaís estavam presentes.
E então, minha supervisora imediata, Iara, me explicou a intenção da comemoração. Por fim, um colega, o Rogério, entrou sentado na cadeira para conduzi-la, com um super cartão de feliz aniversário.
A minha reação foi chorar, muito e muito. Demorei a me acostumar com a cadeira motorizada, tive medo. Porém, a partir daí, alcancei uma maior liberdade de locomoção e pude sair mais de casa, conhecer novas pessoas e locais.
A empresa sempre mobiliza esse tipo de ações solidárias. Eu soube que antes dessa, houveram outras e depois, enquanto eu estive, participei também.
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