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Revista Realidade 1968 – José Hamilton Ribeiro na guerra do Vietnã

24 de janeiro de 2024
DescriçãodeImagem #PraCegoVer #ParaTodosVerem A imagem mostra a contracapa da revista Realidade edição 26A maio de 1968. Com fundo amarelado e escrita em preto, contém as informações de produção e cadernos do veiculo que são: capa, Vietnã, ensaio, perfil, gente, política, guerrilha, sexo, religião, futebol e ciência. Créditos da imagem: Biblioteca Nacional Digital.

A revista Realidade

A revista Realidade é um periódico da editora Abril que distribuía edições mensais e foi
veiculada entre 1966 e 1968. O periódico é considerado a “mãe” de revistas com viés político de renome atualmente. Sobretudo a Veja, a Isto é, a Carta Capital. Isso porque desde suas primeiras publicações, a revista já alardeava por suas abordagens e matérias extremamente polêmicas chegando a sofrer censura na época do regime militar.

A estrutura do periódico era dividida em seções, assim como o jornal físico.
De forma que proporcionava ao público acesso aos mais diversos assuntos. Entre eles estavam: medicina, religião, internacional, política e a guerra.

A reportagem escolhida

#DescriçãodeImagem #PraCegoVer #ParaTodosVerem A imagem mostra a contracapa da revista Realidade edição 26A maio de 1968. Com fundo amarelado e escrita em preto, contém as informações de produção e cadernos do veiculo que são: capa, Vietnã, ensaio, perfil, gente, política, guerrilha, sexo, religião, futebol e ciência. Créditos da imagem:  Biblioteca Nacional Digital.
DescriçãodeImagem #PraCegoVer #ParaTodosVerem A imagem mostra a matéria capa da revista Realidade edição 26A maio de 1968. Com fundo amarelado e escrita em preto, contém o título: Eu estive na guerra e parte do texto alinhado à direita. Créditos da imagem: Biblioteca Nacional Digital.

A escolha pela revista se deu justamente pelo fato ocorrido com o repórter José Hamilton Ribeiro, que cobriu a guerra do Vietnã em maio de 1968. Esta edição trazia na capa da edição a foto do próprio repórter sendo socorrido após a explosão de uma mina, ocasionando a amputação de sua perna esquerda – acabou entrando para os anais do jornalismo nacional.

Toda a história do acidente é narrada nessa edição da revista, desde o desespero do colega no momento da explosão da mina, até o momento em que Zé Hamílton, como é conhecido, achou que fosse morrer.

A censura

Tanta polêmica trouxe indisposição da publicação com o regime militar, e novos episódios de censura ocorreram, sobretudo após a decretação do Ato Institucional nº 5 (AI-5). Em 13 de dezembro de 1968, que amenizou consideravelmente a linha editorial da revista. Afinal, depois desse ponto, a Realidade jamais voltaria a ser a mesma.

José Hamilton Ribeiro

#DescriçãodeImagem #PraCegoVer #ParaTodosVerem A imagem em preto e branco mostra José Hamilton Ribeiro com fisionomia séria, sentado em um banco, vestindo camisa e calça, calçando sapato social, suspendendo com as duas mãos, sua perna amputada. Atrás dele, se projeta uma sombra. imagem: Siteprofissionaissa.

José Hamilton nasceu em 1935 e foi construindo seus 56 anos de carreira em grandes veículos de comunicação. Esteve na revista Realidade desde a sua fundação e por isso, foi o escolhido para cobrir a guerra do Vietnã.

Esta cobertura resultou no acidente que fez com que José Hamilton tivesse sua perna esquerda amputada após a explosão de uma mina. Ainda em função deste acidente, escreveu o livro: “O Gosto da Guerra” (2005) que lhe rendeu dois dos sete Prêmios Esso que recebeu. José também recebeu diversos outros prêmios ao longo da carreira e foi considerado o príncipe dos repórteres. Hoje, ele vive em sua fazenda, localizada na cidade Uberaba MG.

Além disso, José Hamilton trabalhou entre meados da década de 1980 e 2021. na Rede Globo de Televisão sendo um dos idealizadores e precursores do programa Globo Rural, exibido aos domingos pela manhã. Em uma entrevista ao site Memória Globo, José fez questão de enfatizar a importância da liberdade de imprensa, em alusão à censura sofrida pela Realidade:

“Sem a liberdade de imprensa, não existe o estado de direito, não existe democracia.”

Em 1974, José Hamilton voltou ao Vietnã, já na condição de cadeirante, para relatar o que viveu ali. De acordo com o portal de notícias G1, José Hamilton foi de “Repórter do Século” à fazendeiro.

Os prêmios ESSO

Os prêmios recebidos por José Hamilton, vieram como uma maneira de coroar esse heroísmo apresentado por ele no exercício de sua função. “Achei que fosse morrer “, disse ele em entrevista para a matéria de capa da realidade em maio de 1968.

A forma como o acontecimento é narrado pode trazer um pouco de sensacionalismo e isso é feito de forma muito inteligente, pois atinge o objetivo de prender a atenção do leitor e principalmente informar de modo coeso e que proporcione reflexões e debates acerca de muitos assuntos que até então eram proibidos.

As fases da revista Realidade

Os temas apresentados na revista de uma forma geral e a maneira como os editores da revista escolhem abordá-los, apresenta um contexto que já abriu as portas desde 1966 para as grandes discussões que vemos hoje.

As questões de gênero, o homossexualismo, a legalização do aborto já eram temas abordados na época da ditadura e mesmo tendo sofrido censura, o veículo ganhou título de “mãe” das muitas revistas atuais que claro tiveram que se adaptar, mas trazem o mesmo conceito de debater questões inerentes à sociedade e que hoje conquistaram
um espaço muito maior na sociedade.

É possível ainda, fazer um comparativo entre a edição de dezembro de 1969 que trouxe as expectativas do veículo sobre o que se tornaria presidente da República, Emílio Garrastazu Médici. A Realidade o encheu de elogios, exaltando a sua capacidade de liderança e seus atributos positivos que o colocaram nessa posição.


A Realidade teve seu formato alterado ao longo do tempo. De modo que é possível dividir essas modificações em três fases bastante distintas. A primeira fase marcou seu início em 1966, que logo sofreu a censura de 1968 pelo teor considerado afrontoso abarcado no conteúdo das reportagens.

A segunda fase se deu a partir de 1969, os diretores Paulo Mendonça e Milton Coelho da Graça, decidiram abandonar o enfoque à crítica do comportamento habitual do Estado e trazer os holofotes para temas como saúde e os avanços da ciência para a época.

Por fim, a terceira e última fase do veículo veio em 1970, onde a revista assumiu um conteúdo aproximado dos manuais de auto ajuda, trazendo reportagens com títulos de “como prosperar financeiramente” ou “como passar no vestibular”. Isso fez com que a revista fosse diminuindo de tamanho e de volume de vendas.

A respeito da reportagem escolhida como destaque, vale ressaltar o peso e a repercussão do fato de um repórter ter saído com sequelas irreversíveis da cobertura de uma guerra. Acredito que isso tenha exaltado a relevância da profissão de jornalista e até onde se pode ir em nome dela, para se trazer informações relevantes para o público, deixando-o à par do que acontece de mais relevante, como é uma guerra.

Quando começou, em 1966, a Realidade vendeu 475 mil exemplares. Em agosto de 1969, o alcance era de 365 mil tiragens vendidas.

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